Jornal Diário do Vale (25/03/2014)
Volta Redonda
O secretário estadual do ambiente, Índio da Costa, durante reunião com representantes da prefeitura de Volta Redonda e da Comissão Ambiental Sul deu uma declaração que pegou muita gente de surpresa. Índio, que veio à cidade a fim de assinar liberação de verbas para finalização da ETE Correios (ver página 4) e ainda discutir estratégias para combater o projeto de transposição do Rio Paraíba do Sul, afirmou que estaria disposto a travar uma guerra com seus antigos aliados do PSDB paulista para defender o Rio de Janeiro.
– Estudiosos dizem que a Terceira Guerra Mundial poderia ser motivada pela água. Por isso eu espero que não comece uma guerra entre Rio e São Paulo. Vou ser intransigente na defesa do rio Paraíba do Sul. Não quero guerra com ninguém, mas se quiserem tirar a água, a guerra vai começar – disparou Índio, desconversando quando questionado sobre sua proximidade com José Serra (PMDB) de quem foi candidato a vice-presidente nas eleições de 2010.Interessado no tema da transposição, Índio disse que está alheio aos interesses do governador paulista e que soube do caso através da imprensa.
– A minha preocupação é que até hoje o estado paulista não enviou nenhuma informação sobre o projeto de transposição para o governo do Rio de Janeiro ou para a Agência Nacional das Águas (ANA). Essas informações estão sendo trocadas pela imprensa, mas estamos trabalhando nos bastidores para despolitizar essa questão que é sobre a vida das pessoas – discursou, dando a entender que a autorização concedida pela presidente Dilma Rousseff (PT) para que a ANA considerasse a possibilidade da transposição teria se dado por questões políticas.
A ideia, segundo o diretor executivo da Comissão Ambiental Sul, o presidente do Senge (Sindicato dos Engenheiros), João Thomaz, é explicar ao secretário quais seriam as alternativas para o governador de São Paulo.
– Entregamos um estudo com todas as possibilidades e alternativas hídricas que os paulistas devem levar em consideração antes de atacarem o Paraíba. Esse documento prova que o governador Geraldo Alckmin não precisa usar a água desse rio – defendeu João, frisando que o ex-governador José Serra (PMDB) havia assinado junto a procuradoria de seu estado um compromisso de não avançar sobre o rio sem antes uma conversa com a os órgãos competentes no assunto. “Precisariam consultar não só a ANA, mas também os comitês de defesa do Paraíba. Havia esse compromisso, mas foi descartado. Estão fazendo exatamente o contrário”, disse.
Índio ficou surpreso com o posicionamento da Comissão Ambiental Sul e prometeu levar o documento assinado por José Serra ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Além disso, o secretário aceitou a possibilidade de desenvolver um projeto que garanta a integridade física do Paraíba até, pelo menos, 2030.
– Afinal de contas, o Rio de Janeiro só tem o Paraíba para abastecer tantos habitantes. Não podemos permitir que seja degradado por paulistas – enfatizou João Thomaz.
Após ouvir todas as reivindicações, Índio propôs outro encontro com representantes da Comissão Ambiental Sul que, desde 2009, discutem os reflexos de uma possível transposição do rio.
Deputado Nelson Gonçalves participa da reunião com Índio
O deputado estadual Nelson Gonçalves destacou, durante o encontro, a importância do Rio Paraíba do Sul para o estado do Rio de Janeiro.
– Estamos vivendo um momento de expectativa com a transposição do Rio Paraíba do Sul para melhorar o abastecimento de água em São Paulo. Temos que fazer o dever de casa, que é tratar bem o nosso rio – relatou.
Para o deputado, não há explicação para o desejo quase desenfreado pela transposição por parte dos paulistas.
– É uma briga antiga, São Paulo tinha pelo menos 10 projetos para tratar do abastecimento e optaram justamente pela transposição. Eles tiveram tempo para pensar no que fazer, a prova são os projetos existentes. Por isso a Comissão Ambiental Sul está preocupada e debatendo o assunto desde 2009 – comentou Nelson.
Quem também esteve presente no evento foi o prefeito de Volta Redonda, Antônio Francisco Neto (PMDB) e o vice, Carlos Roberto Paiva (PT).
– Agradeço também a Comissão Ambiental Sul e o Movimento Ética na Política que iniciaram esta discussão lá trás, quando nós não imaginávamos que o governo de São Paulo fosse capaz de colocar em prática este absurdo – pontuou Neto.
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